Ho letto questo articolo giorni fa, su una rivista _ di quelle vecchie che girano di mano in mano nelle sale di attesa degli studi medici! Confesso che non ho resistito e ho strappato la pagina, portandomela via.
Mi dispiace, però, questa volta, il post è dedicato ai miei amici brasiliani…
L’autora dell’articolo è Fernanda Young, escrittrice, giornalista e anchor woman di TV. Lei lo scrive alla “Pátria amada, Brasile”!
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Salve, salve. Como está? Melhorou?
As notícias que recebo de seus filhos não são boas, mas sei que você é forte e há de vencer mais esta. Tantas crises e traições seguidas devem estar abalando você, mas saiba que é amada, idolatrada e jamais será abandonada.
Pátria minha, posso ser sincera com você?
Você é rica, gentil e generosa, mas dá muita bandeira, por isso abusam da sua boa vontade. Aproveitadores prometem servi-la e roubam de deus cofres. Covardes juram protegê-la e atiram em sua gente pelas costas. Falam besteiras em seu nome, debocham de seus defeitos e sonegam o que lhe devem.
Por outro lado, você nunca esteve tão livre. Tão respeitada pelas colegas. Sua beleza e sua simpatia sempre foram reconhecidas, mas agora elogiam também sua inteligência e seu bom gosto. Copiam o que você veste, querem saber a fonte da sua energia e até se depilam à sua maneira.
Querida, talvez seu problema seja de auto-estima. Assuma, Pátria, que você é legal, mas vacila. Aprenda a punir quem abusa dos seus favores.
Portanto, querida, talvez seu problema seja mesmo de auto-estima. Você é virginiana, de 7 de detembro, certo? Então está sempre desconfiada e insegura. Não consegue tomar decisões e, muitas vezes, foge das responsabilidades. Assuma, Pátria, que você é legal, mas vacila.
Aprenda a punir quem abusa de seus favores e a tratar bem quem procura seus serviços. Afaste-se dos puxa-sacos e abrace seus desvalidos. Seus verdadeiros amigos não estão nos banquetes em sua honra, mas nos bobocas que calçam chuteira com você. A hipocrisia, maldita praga que seu ardor atrai, é a raiz dos seus problemas.
Mas, calma, tudo tem jeito, você já resistiu bravamente a dias piores. Quando nem se sabia quanto roubavam de você. Quando sujavam seu nome em porões de tortura. Quando seu dinheiro valia tão pouco que era motivo de piada.
E hoje, Pátria, você não carece de grandes atos de heroísmo, mas de pequenos gestos de respeito. Não precisa de novos salvadores, mas dos velhos sobreviventes. Inspire-nos a ver que não somos coitadinhos, somos até sortudos. Vemos tornados, terremotos e bombas terroristas pela televisão. Moramos de frente para a praia, com o mais verde quintal do mundo. Se temos a corrupção como mal encruado, que seja essa a nossa luta. A grande batalha que venceremos em seu nome.
Freud disse: “Primeiro, olhe bem as profundezas da sua alma e aprenda a saber quem você é; depois, entenda o que há de errado com você.” Cazuza fez uma música dizendo a mesma coisa, lembra?
Por mim, você abandonava de vez esse positivismo cafona que, um dia, lhe impuseram como lema. Não é pela ordem que seus filhos se destacam pelo mundo, mas pela bagunça e festa. O progresso? Vem naturalmente, quando se vive em paz, num ambiente fértil. Se é necessário um mote para completar a lacuna, que o escolham de onde sua alma se manfesta: nos pára-choques dos caminhões.
Já imaginou? Você de verde e amarelo e, na faixa, em sua testa estrelada, escrito assim: “Não tenho tudo o que amo, ma amo tudo o que tenho!” Ou simplesmente: “Existo porque insisto!”
É atrás da pompa dos palanques que se escondem seus inimigos!
Com amor,
Fernanda Young